A criação do Parque Municipal Jurubatuba foi debatida pela Comissão de Administração Pública da Câmara Municipal de São Paulo em uma Audiência Pública na manhã deste sábado (1/11). A discussão aconteceu na EMEF Professor Almeida Júnior, no bairro do Socorro, zona sul da capital paulista.
O debate atende ao requerimento do vereador Professor Toninho Vespoli (PSOL), integrante do colegiado e autor do PL (Projeto de Lei) 158/2024, junto com as coautoras Luna Zarattini (PT), Marina Bragante (REDE), Silvia da Bancada Feminista (PSOL) e Renata Falzoni (PSB). A proposta foi aprovada em 1º turno de discussão pelos parlamentares da Casa no último mês de maio e aguarda pela votação definitiva.
“Essa audiência tem o propósito de sensibilizar cada vez mais pessoas. O nosso projeto passou na primeira votação e ninguém foi contrário. O problema é que o governo municipal vai tentar de tudo para evitar que o PL entre novamente na pauta do Plenário. Por isso, precisamos de uma pressão popular para estabelecer que ele seja votado em definitivo e ser sancionado pelo prefeito,” frisou Vespoli.
O projeto contempla a instalação de ciclovias, travessias e equipamentos públicos. Coautora do PL, Renata Falzoni também esteve presente na audiência. Ela destacou que a criação do parque vai beneficiar as pessoas que usam diferentes modais para se locomover.
“Nós temos duas estações aqui, duas estações de trem por aqui, mas eu não consigo chegar a pé até a estação Socorro e à Jurubatuba? Por que não pensamos em investir grande parte em acesso de pedestres e ciclistas com bicicletários para essas linhas de trem que passam na região? Se eu quiser vir de bike, eu posso vir pedalando, mas se eu quiser vir de trem, eu não consigo chegar ao outro lado do rio”, completou Falzoni.
Para o vereador Nabil Bonduki (PT), a proposta do Parque Jurubatuba representa desenvolvimento sustentável, com a proteção de ecossistemas, melhoria do ar, combate às enchentes, além da promoção da inclusão social.
“É um modelo de uma cidade mais permeável, projetada para a população e não para os carros, priorizando o transporte coletivo e os pedestres. Não é qualquer parque, é um parque muito especial”, salientou Nabil.
Sobre o novo parque
O Parque Jurubatuba é uma proposta de parque linear na zona sul de São Paulo, com 130 hectares na margem oeste do Rio Pinheiros, entre a Represa Billings e o Canal Guarapiranga. A área é uma Zepam (Zona Especial de Proteção Ambiental) desde a revisão do Plano Diretor, em 2014. É o último trecho do rio sem avenidas em suas margens.
A ideia – a partir da criação do novo parque – é preservar a vegetação nativa e as áreas úmidas, atuando como corredor ecológico e promovendo biodiversidade, lazer e mobilidade ativa.
Participações
Movimentos sociais, arquitetos e moradores da região participaram das discussões e falaram sobre a importância da aprovação da nova legislação, garantindo a preservação do Jurubatuba. Muitos dos presentes falaram sobre a ameaça, há mais de dois anos, de uma obra da Prefeitura que prevê uma nova via expressa ao custo de R$ 1,7 bilhão que traria impactos ambientais irreversíveis.
Representando a Bancada Feminista do PSOL, Dafne Sena falou durante a audiência sobre a tramitação de uma liminar para que as obras não sejam realizadas. “Nosso mandato entrou com uma ação popular e conseguiu uma liminar favorável à suspensão das obras aqui na região. Por sucessivas vezes, a Prefeitura tentou derrubar a liminar, porém, não conseguiu. A justiça entendeu que o espaço precisa ser preservado enquanto a causa não for julgada”, explicou.
Professora do curso de arquitetura e urbanismo do Centro Universitário Senac, Marcella Ocke disse que a criação do parque tem feito parte dos trabalhos junto aos alunos. “O parque também pode ser um espaço de mobilidade verde. Eu defendo e trabalho isso com os estudantes há muito tempo. Esse espaço não pode ser considerado algo que restou do viário, nós precisamos priorizar o desenho da planta. Hoje não deveríamos estar aqui brigando por algo benéfico, e sim, deveríamos estar aproveitando o dia no nosso parque”, lamentou a professora.
O ambientalista Dimitre Gallego falou sobre a mobilização de movimentos da sociedade civil para que o projeto proposto por Vespoli vire lei e garanta a implantação do parque. “É uma luta de vários anos. Nós estamos em um momento crucial para a criação desse espaço verde, toda mobilização é de fundamental importância, como aqui nesta Audiência Pública”.
Nenhum representante do Executivo esteve presente na discussão. Para conferir todas as participações do debate, assista à íntegra neste link.
