Juliana Hipólito | REDE CÂMARA SP A reunião da Subcomissão do Serviço de Transporte Individual de Passageiros por Motocicleta desta quarta-feira (24/9) abordou estudos sobre a implementação do modelo da Faixa Azul com especialistas em trânsito. Representantes da USP (Universidade de São Paulo) e da Vital Strategies, organização global sem fins lucrativos, parceiras em pesquisa sobre o viário para motociclistas, destacaram a percepção dos usuários em relação ao espaço para motos.
Ismael Ibarra Nava, assessor técnico de Direção no Trânsito da Vital Strategies, expôs no início da reunião uma pesquisa de avaliação do impacto da implantação de faixas de circulação dedicadas aos motociclistas em São Paulo. O estudo indica que o caráter experimental da Faixa Azul reforça a necessidade de cuidados metodológicos.
“O objetivo é organizar o espaço compartilhado, reduzir conflitos entre motos e automóveis, induzir velocidades mais baixas e reduzir o número de feridos e mortos. Estamos produzindo evidências mais robustas a fim de contribuir para duas discussões: a efetividade da Faixa Azul e a forma de avaliação de sinalizações experimentais.”
Já Mateus Humberto, do departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da USP, trouxe os resultados da pesquisa. A apresentação dos dados encaminhou a percepção de segurança dos motociclistas e a sensação de pertencimento por meio da implementação do modelo de circulação exclusiva, além da inclusão e respeito pelos demais veículos.
“São fatores positivos a segregação dos fluxos, previsibilidade e alta velocidade de circulação. Entre os pontos negativos, o material da sinalização, pavimento, ultrapassagem e também a alta velocidade de circulação, que é vista pelos dois lados. Identificamos ainda que 73% dos motociclistas excedem o limite de velocidade, é um comportamento comum.”
O estudo, de forma geral, que abrange toda a extensão de vias da capital paulista, indicou resultados considerados inconclusivos. O relatório não apresenta tendências claras de aumento ou diminuição de mortes ou lesões.
“Nos cruzamentos, há uma tendência de aumento dos sinistros com motociclistas, 33%; enquanto que no meio de uma quadra, diminuição também de 33%. Os resultados apontam para uma cautela na expansão do projeto, pois não confirmam que a Faixa Azul melhora a segurança viária. O significativo excesso de velocidade pode ser um fator crítico na segurança de todos”, concluiu o professor da Poli-USP Mateus Humberto.
Vereadores
Presidente da Subcomissão, que é vinculada à Comissão de Trânsito, Transporte e Atividade Economica, a vereadora Renata Falzoni (PSB) deu destaque aos dados apresentados pela pesquisa que analisou a circulação de motos nos corredores que possuem a Faixa Azul. “É intuitivo o que vemos nas ruas, como os 73% dos motociclistas que aumentam a velocidade no espaço exclusivo. Outro fator indutor trata sobre a sensação de conforto por ter que olhar tanto no retrovisor e aí ele acelera mesmo. Estes dados são fundamentais e precisam trabalhar o sistema, não só uma análise, pois é necessário gerenciar o trânsito.”
O vereador Paulo Frange (MDB), relator dos trabalhos, comentou à Rede Câmara SP que a pesquisa é interessante por trazer uma técnica robusta e qualificada. “Tínhamos conclusões e a sensação daquilo que estava acontecendo ficou claro. Uma delas é a percepção do motociclista pela sensação de segurança muito grande quando está na via e a questão do pertencimento, pois acredita que a pista é só dele. O problema é que não temos uma legislação para delimitar o espaço do motociclista aos corredores destinados a eles. Então, por se sentirem seguros, eles acabam acelerando.”
Participaram da reunião da Subcomissão os parlamentares: Renata Falzoni (PSB), Paulo Frange (MDB) e Senival Moura (PT). O encontro pode ser visto aqui.
