Mais Mulheres na Política é tema de Audiência Pública na Câmara

O Brasil ocupa o 133º lugar no ranking global de representação parlamentar feminina

Por: KAMILA MARINHO
DA REDAÇÃO

7 de novembro de 2025 - 21:44
Foto de uma mesa com seis mulheres sentadas, microfones e placas de identificação à frente. Atrás, tela com videoconferência projetada. Ambiente de auditório iluminado, público sentado em primeiro plano. Cena nítida, tom formal e institucional.Douglas Ferreira / REDE CÂMARA SP

A Comissão de Saúde, Promoção Social Trabalho e Mulher da Câmara Municipal de São Paulo promoveu na noite desta sexta-feira (7/11) uma Audiência Pública com o tema “Mais Mulheres na Política”. A discussão recebeu lideranças partidárias, ativistas e integrantes de movimentos sociais. O presidente do Legislativo paulistano, vereador Ricardo Teixeira (UNIÃO), apoiou o debate.

“Nós estamos lá atrás no ranking. A cidade de São Paulo tem 471 anos e nesse tempo todo, na Câmara Municipal nunca tivemos uma mulher como presidente. Eu fiz questão de prestigiar porque sei que precisamos dessa igualdade. As mulheres precisam cada vez mais estar em espaços públicos, políticos e de decisão em nosso país, ” comentou Teixeira.

O debate atendeu ao requerimento protocolado pela vereadora Luana Alves (PSOL), integrante do colegiado. A parlamentar comentou que a audiência foi pedida por uma série de mulheres da sociedade civil que se organizam em busca de mais representatividade.

“São mulheres com muita história e bagagem na luta por mais proporcionalidade. Sabemos que ainda a maioria das mulheres não se enxerga em espaços políticos. Mas percebemos a democracia dessa audiência, essa é uma pauta geral”, disse Luana.

Participações

Também presente à discussão, a vereadora Dra. Sandra Tadeu (PL) observou que as mulheres representam a maior parte da população brasileira.  “Nós temos que ter paridade e cumplicidade para que possamos realmente crescer. Nós somos mais de 52% do eleitorado brasileiro, nós temos que ter a representação efetiva”, frisou.

Outra liderança feminina que marcou presença na audiência foi a deputada federal Juliana Cardoso (PT). A ex -vereadora do Parlamento da capital, que agora está na Câmara dos Deputados, trouxe um panorama das articulações em Brasília.

“O Congresso Federal, o tempo todo quer nos impor. Agora com a reforma política, eles querem nos impor que as mulheres tenham 30% das cadeiras, mas nós já chegamos às cadeiras. Nós trabalhamos para que o espaço legislativo seja metade. É uma luta, e nós precisamos muito da mobilização popular para conquistarmos espaços de poder e decisão”, falou a deputada.

Para a psicóloga Fê Maidel, ex-presidente e coordenadora interina de Políticas para LGBT do Conselho LGBT de São Paulo, as mulheres devem ocupar todos os espaços. 

“Estamos aqui para convocar as pessoas a refletirem sobre a importância da mulher na política, na nossa sociedade, na economia e principalmente na nossa representatividade. São as mulheres pretas, as mulheres indígenas, as mulheres trans. Em todas as camadas da sociedade. Todas têm o direito de serem ouvidas”, afirmou Maidel. 

 Representatividade feminina no mundo

De acordo com o novo levantamento da ONU (Organização das Nações Unidas) Mulheres e da UIP (União Interparlamentar) – organização global que reúne os parlamentos nacionais -, o Brasil ocupa a 133ª posição no ranking global de representação parlamentar feminina.

O estudo analisou o cenário de 189 países até 1º de janeiro de 2025. Seguindo a tendência dos anos anteriores, o Brasil aparece atrás de países com legislações mais conservadoras em relação às mulheres, como Arábia Saudita, na 125ª colocação , Egito, 86ª, e Iraque, 76ª.

Na Câmara dos Deputados, apenas 18,1% dos assentos são ocupados por mulheres — o que representa 93 deputadas entre os 513 parlamentares. No Senado, a presença feminina é de 19,8%, com apenas 16 senadoras.

Nos ministérios, 10 das 31 pastas são lideradas por mulheres, o equivalente a 32,3% dos cargos ministeriais. Com esse índice, o país ocupa a 53ª posição no ranking global de representatividade ministerial.

Projeto de Iniciativa Popular

As participantes também falaram sobre um Projeto de Lei de iniciativa popular que prevê cota de 50% para mulheres nas Câmaras de Vereadores, Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas. O texto, segundo as ativistas, está pronto. Para ser aceito, precisa conseguir 1,5 milhão de assinaturas e a escolha da iniciativa popular deve conferir mais legitimidade à proposta.  

Confira todas as participações da Audiência Pública aqui.

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