A Câmara Municipal de São Paulo inaugurou, na noite desta terça-feira (26/8), a Galeria Lilás no saguão de entrada José Mentor, no térreo do Palácio Anchieta. Agora, o público pode visitar o espaço permanente com fotografias e biografias das 65 mulheres que exerceram e exercem mandato como vereadora no Legislativo paulistano.
O evento aconteceu no Auditório Freitas Nobre. A solenidade foi aberta pelo presidente da Casa, vereador Ricardo Teixeira (UNIÃO), e presidida pela vereadora Pastora Sandra Alves (UNIÃO). A parlamentar é a autora da Resolução da CMSP 17, de 25 de junho de 2025, que criou a Galeria Lilás. As demais 19 parlamentares da 19ª Legislatura também são co-autoras da proposta.
O presidente do Legislativo paulistano afirmou que o dia 28 de agosto de 2025 representa um marco histórico para a Câmara. Ele também destacou a celeridade dada pela Casa para a instalação do espaço, já que o PR (Projeto de Resolução) 16/2025 foi aprovado no final de junho deste ano.
“No mês lilás, estamos inaugurando a Galeria Lilás, deixando essa marca na cidade de São Paulo. Esse momento fica para toda Câmara. São 65 vereadoras eleitas aqui até hoje. É muito pouco. Essa Casa tem quase 500 anos. É muito pouca representatividade. Isso mostra que precisamos virar essa página. Nós temos que ter mais mulheres na Câmara Municipal de São Paulo”, disse Ricardo Teixeira.
A vereadora Pastora Sandra Alves ressaltou a importância da co-autoria de todas as parlamentares. Para ela, as mulheres precisam se unir. “Não podemos viver em uma luta de foice. Precisamos andar unidas. Uma mulher que derruba outra mulher não é digna de ser chamada de mulher. Eu quero que essa galeria seja uma junção de uma família feminina. Que quando estivermos na disputa, que possamos mostrar nossas qualidades e não o defeito da outra”.
Também presente no evento, a vereadora Dra. Sandra Tadeu (UNIÃO) – Procuradora Especial da Mulher – a Galeria Lilás mostra a história das mulheres na Câmara Municipal. De acordo com a parlamentar, o espaço valoriza a luta feminina na política da capital. “Eu estou na vida pública há uns 30 anos. É muito difícil chegar onde chegamos”.
“Aqui nesta Casa as coisas vão mudar. Graças ao nosso presidente Ricardo Teixeira, temos a Procuradoria Especial da Mulher. Uma luta de anos e que vai ficar como exemplo de batalha das mulheres paulistanas”, falou a Dra. Sandra Tadeu.
A vereadora Sandra Santana (MDB) – 2ª Procuradora-Adjunta Especial da Mulher – disse que os homens também precisam entrar na luta pela igualdade de gênero. “Se hoje temos, infelizmente, em pauta, o combate à violência contra a mulher, é porque do outro lado nós temos agressores. Se os homens não se unirem a nós nesta caminhada, dificilmente vamos alcançar o nosso objetivo de forma rápida”.
Já a 1ª Procuradora-Adjunta da Mulher, vereadora Marina Bragante (REDE), se emocionou ao ver as fotos na Galeria Lilás. “Eu entendi que é muito mais do que uma galeria. Eu fiquei emocionada de ver quantas mulheres vieram antes de mim e que, de fato, já fizeram muita coisa para que a gente pudesse estar aqui hoje. Eu fui lembrando de várias delas. Eu agradeço por podermos celebrar a memória, para saber de onde viemos e para também direcionar onde queremos chegar”.
Representando a Prefeitura de São Paulo, a secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Regina Santa, prestigiou a inauguração da Galeria Lilás. Segundo Regina, o espaço incentiva a participação das mulheres na política paulistana. “E não só na política porque o lugar da mulher é onde ela quiser, principalmente, as empoderadas”.
A chefe da pasta também completou dizendo que “não adianta nada chegarmos para uma mulher que foi violentada, para ela sair dessa situação, se não dermos empoderamento a ela. O que eu peço nessa Casa de leis, a todas as vereadoras, é que possam também mobilizar para que tenhamos, cada vez mais, um orçamento maior para essa questão”.
As primeiras mulheres
A relação das mulheres com a Câmara Municipal de São Paulo começou em 1947, quando Elisa Kauffmann Abramovich foi eleita como vereadora de São Paulo. Ela não chegou a tomar posse, pois o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) declarou inexistentes os registros de todos os candidatos do PST (Partido Social Trabalhista) – partido ao qual ela era filiada.
Em 2013, Elisa foi reconhecida por meio de um Projeto de Resolução aprovado pela Câmara. A matéria devolveu simbolicamente os mandatos de 42 vereadores cassados por ações autoritárias entre 1937 e 1969.
Por conta desse histórico, a primeira mulher que de fato foi empossada e exerceu o mandato no Legislativo paulistano foi Anna Lamberga Zéglio, a partir de janeiro de 1952.
A primeira vereadora negra da capital paulista foi Theodosina Rosário Ribeiro – eleita em 1968 pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro). À época, o partido era oposição. A sigla foi a segunda maior votação da cidade.
Já a primeira mulher trans a assumir como vereadora em São Paulo foi Erika Hilton (PSOL), em 2020, que atualmente é deputada federal.
Também participaram da solenidade as vereadoras Janaina Paschoal (PP), Silvia da Bancada Feminista (PSOL), Simone Ganem (PODE), Amanda Vettorazzo (UNIÃO), Renata Falzoni (PSD), Ana Carolina Oliveira (PODE). Além delas, marcaram presença os vereadores Eliseu Gabriel (PSB) e Silvão Leite (UNIÃO).
Veja o evento na íntegra no vídeo abaixo:
Confira as fotos da inauguração da Galeria Lilás disponíveis no Flickr da Câmara Municipal de São Paulo.