A reunião da Subcomissão de Cultura desta quarta-feira (20/8) colocou em pauta a situação do Teatro de Contêiner Mungunzá, região da Cracolândia, na Luz, centro da cidade. O espaço cultural, referência em São Paulo, passa por um processo de despejo emitido pela Subprefeitura Sé. O prazo para a desocupação se encerra nesta quinta-feira (21/8).
Um requerimento do presidente do colegiado, vereador Dheison Silva (PT), pede esclarecimentos da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa como se dará a continuidade do projeto acordado, pois o mesmo vem sendo executado conforme o plano de trabalho estabelecido. “Trata-se de um importante espaço de difusão cultural na cidade de São Paulo. Solicito informações quanto à comunicação entre esta secretaria e os demais órgãos gestores municipais, considerando a aparente falta de conhecimento, por parte da Subprefeitura, sobre os contratos vigentes no referido espaço”, justificou no documento.
O parlamentar contextualizou a situação durante o encontro e em entrevista à Rede Câmara SP destacou a necessidade de um entendimento entre as partes, pois a Prefeitura faz repasse de recursos para o Teatro de Contêiner. “Existe uma negociação entre Prefeitura e governo federal em meio à desapropriação para que haja um espaço destinado a eles e o grupo não se opõe a sair contanto que tenha lugar para ir. Porém, não dá para entender como é possível seguir com uma desapropriação onde há fomento cultural do próprio município.”
Participação sociedade civil
Os integrantes da Subcomissão de Cultura, atrelada à Comissão de Finanças e Orçamento, também abriram espaço para o público presente na reunião. O assunto da desapropriação do Teatro de Contêiner Mungunzá foi abordado por Rosa Maria Falzoni, ex-funcionária da pasta municipal de Cultura.
“Vemos como o artista é tratado na cidade, por meio da violência. Há desprezo tanto da Secretaria de Cultura quanto da Subprefeitura da Sé com o recurso público. Houve um edital e isso envolve equipe, cálculos… muita gente envolvida no processo. Não é simples receber o recurso, uma comissão teve que avaliar o modelo, então quando foi aprovado, o valor é para aquele lugar, para aquele grupo. É um custo para a secretaria, não dá para deixar um recurso público largado.”
Outros assuntos relacionados à cultura de São Paulo, principalmente ao setor na periferia, foram expostos. A produtora cultural Inti Queiroz entende que falta na capital paulista um mecanismo similar a um conselho municipal de políticas culturais visando ampliar o diálogo. “Não há conversa com os coletivos, os equipamentos que têm estão sendo desmontados, tudo é terceirizado. Então, queremos saber onde está sendo gasto os valores com cultura em São Paulo. Falta um espaço aberto para manter diálogo.”
Já o líder comunitário e produtor cultural Rodrigo Olegário comentou a situação da Casa de Cultura da Vila Brasilândia, zona norte. “Mais parece um almoxarifado, não temos estrutura para os artistas locais. São pessoas com capacidade que atuam por lá, mas vejo o Executivo gastando dinheiro no centro, onde já há certa visibilidade. Peço para que se descentralize os gastos e que o dinheiro seja bem gasto. Hoje estamos desassistidos.”
A reunião da Subcomissão de Cultura, conduzida pelo vereador Major Palumbo (PP), contou com as presenças do presidente e vice do colegiado, respectivamente Dheison Silva (PT) e Silvinho Leite (UNIÃO). O encontro pode ser visto aqui.