Prós e contras discutem Escola Sem Partido na Câmara

Por: RAFAEL ITALIANI - DA REDAÇÃO

16 de novembro de 2017 - 21:28

André Bueno/CMSP

Audiência discutiu o Escola Sem Partido na Câmara de São Paulo

Um tema polêmico ganhou espaço para discussão na noite desta quinta-feira (16/11), no Auditório Freitas Nobre, da Câmara Municipal de São Paulo. De um lado, representantes de movimentos estudantis e secundaristas. Do outro, defensores do Projeto de Lei (PL) 222/2017 que institui o programa que ficou conhecido como “Escola Sem Partido”, de autoria do vereador Fernando Holiday (DEM).

A plateia ficou dividida. De um lado, membros do MBL (Movimento Brasil Livre) e defensores da proposta. Do outro, estudantes progressistas e de movimentos ligados à esquerda. A GCM (Guarda Civil Metropolitana) precisou acalmar os ânimos em alguns momentos.

Além do parlamentar democrata, também participou da discussão o vereador Alfredinho (PT). Ambos fazem parte da Comissão Extraordinária Permanente de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, colegiado presidido por Holiday. De acordo com o autor da medida, a Lei visa garantir que as crianças e adolescentes da rede municipal de ensino não sejam “doutrinadas” ideologicamente dentro das salas de aula.

André Bueno/CMSP

Fernando Holiday

“Todas as escolas públicas seriam obrigadas a colocar um cartaz, relembrando os deveres do professor e os direitos do aluno. O intuito é lembrar que estudante tem completa garantia de liberdade de expressão, de direitos e consciência. Portanto, ele não pode ser constrangido ou prejudicado por opiniões [dos professores]”, disse Holiday.

Também esteve presente Carina Vitral, presidente da UJS (União da Juventude Socialista) e ex-presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes). Ela é contra a proposta. “O prejuízo é a intimidação, ficar permanentemente sob uma concepção política definida. O Escola Sem Partido não é apartidário, é exatamente ter lado, ideologia única. Representa a falta de pluralidade e a de liberdade de aprender e ensinar”, afirmou Carina.

O youtuber Artur do Val, do MBL e defensor da proposta de Holiday, rebateu a representante da UJS. “Não há nenhum tipo de proibição. A punibilidade é prerrogativa da União. Formar o cidadão é foro íntimo da família. O professor é pago para ensinar as matérias”, afirmou. O ativista também recomendou que os críticos ao PL leiam o texto atentamente antes de falar que ele serve como “mordaça” aos professores.

André Bueno/CMSP

Alfredinho

Já o vereador Alfredinho (PT) fez um resgate histórico das discussões políticas dentro das escolas. “Eu tive um professor chamado Medeiros, ele dava aula de desenho. Em meio à ditadura militar, ele tinha coragem de falar sobre o regime de exceção e da necessidade da democracia. Isso ajudou muito na minha formação política, na ocupação das fábricas para negociar com patrões que desrespeitavam seus trabalhadores.” O projeto de Holiday segue em tramitação na Casa.

O coordenador nacional do MBL, Kim Kataguiri, afirmou que o PL não vai restringir discussões sobre política nas escolas. “Sem problema nenhum. A Lei é para evitar que o professor se utilize da audiência cativa dos alunos para fazer militância política. Mas os alunos podem e devem se organizar politicamente.”

Emerson Santos, o Catatau, presidente da UPES (União Paulista dos Estudantes Secundaristas), criticou a proposta defendida pelo MBL. “Hoje, a escola pública é ocupada pela massa de filhos de trabalhadores. Para eles [que defendem o PL], a escola serve de aparelho de manutenção das classes dominantes. O Escola Sem Partido quer robôs para a mão de obra barata.”

Veja mais fotos da Audiência Pública:

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