Nesta terça-feira (30/9), a Comissão Extraordinária de Apoio ao Desenvolvimento do Turismo, do Lazer, da Gastronomia, da Hospitalidade e dos Eventos da Câmara Municipal de São Paulo realizou Audiência Pública para debater o carnaval de rua na capital paulista. Durante o debate, organizadores dos blocos carnavalescos reivindicaram mais apoio e leis para promover a festa na cidade.
Os trabalhos foram presididos pelo vereador Nabil Bonduki (PT), que propôs o requerimento da discussão. De acordo com o parlamentar, há a necessidade de criar uma legislação para regulamentar o carnaval de rua na cidade. Ele destacou que existem projetos tramitando na Casa sobre o tema, sendo que um deles, de 2016, é de autoria própria.
“Esses projetos precisam ser debatidos para dar andamento a essa questão, já que o carnaval de rua se transformou em um grande evento que reúne milhões de pessoas e precisa ser melhor trabalhado. Precisam ser estabelecidas regras claras para orientar e dar as diretrizes para o carnaval de rua em São Paulo”, falou Nabil.
Bonduki ainda frisou que os blocos iniciaram a organização do carnaval de rua de 2026. O vereador lembrou que a folia acontece daqui a aproximadamente quatro meses. “Os próprios blocos precisam saber como vai funcionar. Estamos vendo que ainda há muitas indefinições por parte da própria Prefeitura sobre o carnaval de rua do ano que vem”.
A vereadora Keit Lima (PSOL) também participou do debate. Ela disse que está preocupada com o fomento dos blocos, com a manutenção dos grupos históricos e com o carnaval nas periferias e favelas. “Que possamos garantir que os blocos das nossas periferias e favelas tenham o direito garantido de sair. Os mandatos dos vereadores são apenas instrumentos para garantir que os blocos estejam na rua, que garantam a segurança e a não perseguição”.
Fomento e organização
Entidades, movimentos e organizadores do carnaval de rua de São Paulo fizeram parte da mesa de discussão. Os participantes tiveram espaço de fala para expor opiniões e sugestões. As manifestações lembraram que os blocos da capital paulista fazem com que a festa seja uma das maiores do país.
Salete Campari, organizadora do bloco de rua que leva o próprio nome, cobrou políticas públicas para fomentar a folia na cidade. Campari ressaltou que o carnaval é cultura, arte e diversão. Ela aproveitou a audiência para pedir apoio dos vereadores e da Prefeitura. “Hoje, (de 600 blocos) só temos apoio para 100 blocos e precisamos de um apoio completo, precisamos de rua limpa, de um policiamento que esteja perto”.
Integrante do Arrastão dos Blocos, Lira Alli falou que os blocos começaram a preparação dentro das comunidades para o ano que vem. Para ela, o Poder Público precisa contribuir com a organização do evento. “Está preocupado com as empresas que vão patrocinar, com os gradis para não vender o que não pode, mas não estão preocupados com a cultura popular. Viemos para falar isso, que (o Poder Público) precisa se preocupar para fazer o carnaval acontecer: que são os blocos”.
O coordenador do Fórum dos Blocos de São Paulo, Fábio Lopes, ressaltou que os projetos de lei que tratam da organização do carnaval de rua são importantes. No entanto, segundo ele, a população precisa participar desta discussão. “Precisamos debater esses projetos de lei. O carnaval de rua é comandado por decretos e muda conforme a gestão que assume ou dá continuidade”.
Lopes concluiu dizendo que é fundamental que “esses projetos contemplem os blocos de forma ampla e democrática, que não dependamos mais de decretos. É uma festa gigante, de arrecadação milionária que os blocos fazem por amor e nós ainda não temos a voz que desejamos ter para esse debate”.
Confira o debate na íntegra neste link.