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Em audiência, bibliotecários e entidades pedem novo concurso e falam da situação das bibliotecas públicas

Por: HELOISE HAMADA
DA REDAÇÃO

9 de junho de 2025 - 22:13
Audiência da Comissão de Administração Pública da Câmara de São PauloDouglas Ferreira | REDE CÂMARA SP

Nesta segunda-feira (9/6), a Comissão de Administração Pública da Câmara Municipal de São Paulo realizou uma Audiência Pública para discutir os 90 anos do Sistema de Bibliotecas do município, concursos públicos para bibliotecas e CEUs, bem como a abertura de novas unidades na capital paulista. O debate foi presidido pelo vereador Professor Toninho Vespoli (PSOL), autor do requerimento que solicitou a audiência.

O parlamentar explicou que algumas bibliotecas são ligadas à Secretaria Municipal de Educação e outras à Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa. “A gente entende que o nosso sistema é consolidado, tem 90 anos, e não é qualquer prefeitura que tem um sistema consolidado de 90 anos de vivência e existência. Mas, ao mesmo tempo, a gente tem deficiências. Temos que comemorar, mas a gente também quer pontuar as coisas que precisam ser melhoradas”, frisou.

Vespoli também salientou que tem bibliotecas com problemas estruturais e que não há compra de títulos todos os anos. “A gente quer discutir com as secretarias como que a gente consegue sanar esses problemas e ter mais bibliotecas na cidade, inclusive. Em Paris, por exemplo, com 2,1 milhões, tem praticamente a mesma quantidade de bibliotecas que a gente, só que a gente tem 12 milhões de pessoas. Para formar leitores, o número de bibliotecas influencia, o número de bibliotecários influencia também. Se você tem um ou dois bibliotecários, ainda mais quando eles fazem a administração da biblioteca, você está tirando eles de poder fazer a relação com a sociedade, de ir na associação de bairros, de ir nas igrejas, e estimular que as pessoas frequentem as bibliotecas, e fazer projetos nesses lugares e não só nas bibliotecas. A gente não está pensando na biblioteca somente entre quatro paredes, mas como ela pode criar relações na comunidade para estimular a leitura”, salientou o vereador.

A presidente do colegiado, vereadora Edir Sales (PSD), fez a abertura das discussões. Para ela, a comemoração dos 90 anos do sistema de bibliotecas é essencial, principalmente para os alunos. “Eles precisam ter conhecimento do passado das bibliotecas, do hoje e também pensar no futuro. A gente sabe a importância que tem a leitura e hoje falta leitura para as crianças. Hoje, com as redes sociais, as crianças só copiam e colam. Leitura é algo que a gente precisa incentivar todos os dias, nas escolas públicas e em outros espaços também”, falou.

A presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia, Adalgiza Andrade de Oliveira, falou que a biblioteca pública “se reveste da maior importância para a concepção cidadã”. “A biblioteca pública é, por excelência, o espaço da afirmação da identidade cultural. Além disso, a biblioteca pública desenvolve atividades ao hábito da leitura, ela potencializa a capacidade crítica do leitor. Ela pode reunir uma série de informações que ajudam na emancipação social. São nas bibliotecas públicas que as pessoas têm o primeiro contato com a leitura, com a capacidade crítica. Então, a importância de se comemorar os 90 anos do Sistema Municipal das Bibliotecas Públicas de São Paulo é trazer para a população a importância e a reflexão desse equipamento que é pago e financiado pelo Poder Público e deve ser muito bem aquinhoado porque ele deve levar para o seu público aquilo que esse público investe em posses. É uma devolução social”, destacou.

O ator Pascoal da Conceição foi caracterizado de Mário de Andrade, personagem que já interpretou em diversas ocasiões. Ele lembrou que Andrade foi o primeiro diretor do Departamento de Cultura e Recreação da Prefeitura de São Paulo, que mais tarde se tornou a Secretaria Municipal de Cultura. “Ele tirou aquilo que era das salas e dos salões dos barões e colocou para o povo, colocou gratuitamente uma biblioteca, um lugar para ler. Ele ainda criou bibliotecas circulantes que iam nos bairros da cidade. É uma obrigação da gente não esquecer essa atitude, esses atos que têm essa grandeza e generosidade com a população”, comentou.

A presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia do Estado de São Paulo, Ana Cláudia Martins, também comentou sobre o número insuficiente de bibliotecas na capital paulista. “Temos quase 12 milhões de habitantes. Nós temos 119 bibliotecas e temos pouco mais de 100 bibliotecários. Então, fazendo as contas, dá em torno de 10 mil usuários por biblioteca. É um número muito grande de usuários e as bibliotecas não têm essa infraestrutura. É necessário que se abra concursos públicos para suprir as demandas, já que muitos se aposentaram ou morreram e várias vagas não foram repostas. E precisamos de mais bibliotecas públicas, principalmente nas periferias, nos pontos mais afastados”, reforçou.

O vereador Nabil Bonduki (PT) também falou da necessidade de mais bibliotecários. “É muito importante que se dê prioridade e que se valorize a biblioteca. Para isso, hoje, é fundamental que se faça um concurso público novo para bibliotecários. A última vez que foi feito foi em 2015, na época do governo Haddad, eu era, inclusive, secretário de Cultura do município. Nós temos, hoje, muita falta de bibliotecários nas bibliotecas não só essas da rede da Secretaria de Cultura, como dos que fazem parte das bibliotecas dos CEUs”, disse.

A bibliotecária da Biblioteca Thais Matarazzo Cantero, no CEU Formosa, Ana Lúcia Lopes, comentou a respeito da importância da Audiência Pública. “Todos se manifestam e há uma possibilidade de criar ou fortalecer uma política pública, trazer estratégias e rever todos os sistemas também. Há inúmeras possibilidades que vão fazer com que melhore o Sistema de Bibliotecas, que é o desejo de todo mundo que está aqui presente”.

A representante da Coordenadoria dos CEUs, Paula Felice, pontuou que as bibliotecas são para todas as pessoas e não importa para qual secretaria ela está designada, ela precisa ter estrutura para funcionar. “Precisa ter estruturas que vão viabilizar os funcionários no funcionamento delas. Os vereadores também são importantes na fiscalização, de cobrarem das secretarias, de ser efetivado tudo que a gente, os técnicos, pensam e encaminham, mas é preciso que o Legislativo vá, aponte, cobre e seja feita a avaliação disso, e da sociedade civil também”, finalizou.

O vereador João Ananias (PT) também participou do debate que pode ser conferido na íntegra neste link.

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