Câmara de SP sedia 24ª Conferência Produção Mais Limpa e Mudanças Climáticas com foco na COP30

Por: FELIPE BROSCO
DA REDAÇÃO

3 de outubro de 2025 - 12:16

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A Câmara Municipal de São Paulo realiza nesta sexta-feira (3/10) a 24ª edição da Conferência Produção Mais Limpa e Mudanças Climáticas em São Paulo. Este ano, o evento, que acontece desde 2002, é preparatório para a COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que acontece entre 10 e 21 de novembro, em Belém, no Pará.

O encontro entre sociedade civil, instituições, iniciativa privada e governos tem como objetivo aprofundar a discussão sobre sustentabilidade e levar as demandas da maior cidade da América do Sul para a COP30. Serão alinhadas posições para construir consensos e elaborar um documento de contribuição oficial de São Paulo com propostas de políticas ambientais urbanas.

Uma delegação de vereadores estará presente em Belém. Integram a comitiva os vereadores Hélio Rodrigues (PT), Dra. Sandra Tadeu (PL), Renata Falzoni (PSB), Nabil Bonduki (PT), Keit Lima (PSOL), e Marina Bragante (REDE).

Abertura da conferência

A mesa de abertura foi composta pelo vereador João Jorge (MDB), 1º vice-presidente da Câmara Municipal, representando o presidente da Câmara, vereador Ricardo Teixeira (UNIÃO), as vereadoras Marina Bragante (REDE) e Renata Falzoni (PSB), a deputada estadual Marina Helou (REDE-SP), o ex-vereador Gilberto Natalini, idealizador da Conferência Produção Mais Limpa, além de Renato Nalini, secretário executivo de Mudanças Climáticas do município de São Paulo, representando o prefeito Ricardo Nunes (MDB), Regina Santana, secretaria municipal de Direitos Humanos e Cidadania e Rodrigo Ashiuchi, secretário municipal do Verde e Meio Ambiente.

Abrindo os trabalhos, Gilberto Natalini disse que construir sustentabilidade é um exercício de democracia e de persistência. “A gente tem avançado bastante e a Conferência colaborou para criação de leis importantes como o uso de reuso de água, a lei de merenda orgânica e mudança do padrão de combustíveis dos ônibus de São Paulo.”

O secretário Rodrigo Ashiuchi destacou a importância do enfrentamento da emergência climática e falou sobre ações que vêm sendo adotadas no município. “A cidade de São Paulo tem grandes iniciativas, como os ônibus elétricos, como o biometano produzido pelos aterros e já usados nos caminhões de coleta. Daqui a um tempo teremos cerca de 26% do nosso território municipal em áreas de preservação e cobertura vegetal de mais de 53%.”

A vereadora Marina Bragante falou que a cidade de São Paulo tem desafios climáticos complexos, diversos e enormes que precisam ser enfrentados. “Só em janeiro desse ano, os atendimentos na área de saúde em São Paulo cresceram 22% por causa das ondas de calor. As ilhas de calor que existem na nossa cidade precisam ser enfrentadas. A temperatura pode variar em até 9 graus nas ruas de Paraisópolis com relação as ruas do Morumbi que é um bairro vizinho”.

Em sua participação, o secretário Renato Nalini ressaltou a importância do Legislativo para que as ideias trazidas na conferência se transformem em realidade. “É muito bom que o Legislativo tenha uma preponderância nesse tema. O Parlamento é ressonância das aspirações populares, tudo chega através do Parlamento. É o Parlamento que edita as regras, o Executivo só pode cumprir a lei no Estado de Direito. Então é daqui que tem que sair essas propostas. Precisaríamos pensar mais seriamente em IPTU Verde, em telhados verdes, em incentivos para que voltem jardins, convencer a poderosa indústria da construção civil a deixar mais espaço para que haja pomares e hortas nos edifícios.”

Já o vereador João Jorge trouxe conhecimentos obtidos em recente viagem oficial à China sobre medidas avançadas de tecnologia e mobilidade que impactam positivamente o meio ambiente. “Nós vimos um sistema de armazenamento de energia elétrica. É um contêiner que a Prefeitura vai comprando energia elétrica mais barata durante o dia e abastece os ônibus durante a noite”.

A abertura da conferência contou também com a presença do vereador Nabil Bonduki (PT), integrante da comitiva da Casa que estará na COP30, e de Maria Teresa Fedeli, secretária executiva do Programa Mananciais; vereador Nayla de Souza (REDE), da cidade de Vinhedo, interior de São Paulo; Carlos Alberto Maluf San Severino, representando o presidente da OAB-SP, Cacilda Paranhos, coordenadora da ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) de Guarulhos e Luisa Cordeiro, da direção estadual do PC do B.

1ª Mesa – Gestão de mananciais e saneamento sustentável

A primeira mesa de debates abordou a gestão de mananciais e o saneamento sustentável. A mediação foi feita pela deputada estadual Marina Helou, coordenadora da Frente Parlamentar Ambientalista pela Defesa das Águas e do Saneamento da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo).

A mesa ainda foi composta por Samuel Barreto, gerente nacional de Água e do MApSP (Movimento Água para São Paulo) da The Nature Conservancy; Caio Ferraz, diretor e roteirista do documentário média-metragem “Entre Rios”, referência no debate da história dos rios na cidade de São Paulo; Marta Angela Marcondes, professora e pesquisadora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul); coordenadora do Projeto IPH Índice de Poluentes Hídricos e coordenadora do Projeto Expedições Mananciais; Wesley Silvestre, líder comunitário na zona sul de São Paulo e estudante da área pública no IFSP – Pirituba, que preside a OEKOBR (Oekocientific), com foco em promover o saneamento ambiental como Organização Social de Interesse Público, e Victor Lopes, da equipe de Finanças Verdes e Inovação do ICLEI – América do Sul e porta-voz da Juventude em Rede na cidade de São Paulo.

Marina Helou destacou que é, principalmente, pela água que as pessoas vão sentir os impactos das mudanças climáticas. “É pela água que a gente vai sentir, ou extrema seca, ou grandes enchentes como vimos no Rio Grande do Sul, ou eventos extremos colocando a população em risco como vimos em São Sebastião, ou até a nossa segurança hídrica ameaçada como a gente está vivendo hoje no Estado de São Paulo.”

Caio Ferraz alertou que a água deve ser mais discutida no debate sobre mudanças climáticas. “O efeito estufa, ele é parte CO2 e parte água. A gente tem que pensar em redução de perdas, uso de águas desperdiçadas e como a gente consegue infiltrar mais água para que não chegue tão rápido nos córregos.”

Wesley Silvestre trouxe para o debate a questão dos mananciais. “Embora a região metropolitana de São Paulo tenha bastante abundância em reservatórios de água, essas águas não são produzidas aqui. Por isso que a água em São Paulo fica cada vez mais cara.”

Victor Lopes acredita que a maneira como as pessoas lidam com o meio ambiente é resultado de escolhas coletivas conscientes. “A gente quer viver numa cidade inimiga da água ou aliada da água? São Paulo é um excelente exemplo de uma cidade que cresceu e continua sendo inimiga da água.”

Samuel Barreto reforçou que é de São Paulo que tem que sair uma mensagem clara e potente sobre o que queremos do futuro das águas. “É com essa ambição que temos que levar esse desejo de um novo olhar sobre esse recurso, sobre esse elemento que é fundamental para a vida.”

Marta Angela Marcondes falou sobre o desconhecimento da população sobre os rios da cidade de São Paulo e a situação em que eles se encontram. “Nós temos mais de mil e duzentos rios sendo que a maioria deles esta enterrados vivos. Estes rios estão em uma UTI e ninguém olha para eles.”

Após as colocações, a mesa ouviu sugestões da sociedade civil e de representantes da iniciativa privada que ressaltaram a importância e a necessidade da produção de água na cidade, da aprovação de projetos de lei na Câmara Municipal focados no meio ambiente e em novos sistemas de reuso de água, além de estímulos à captação da água da chuva.

(*) texto em atualização

Assista à programação da parte da manhã do evento e confira aqui a programação completa:

 

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