Neste sábado (9/8), a Comissão Extraordinária de Meio Ambiente e Direito dos Animais da Câmara Municipal de São Paulo realizou a primeira das duas audiências públicas programadas para discutir o cronograma das obras de revitalização do Parque do Carmo, na zona leste da cidade. O debate atende a um requerimento do presidente do colegiado, o vereador Alessandro Guedes (PT).
As obras foram iniciadas em abril do ano passado. De acordo com a Prefeitura, o prazo de conclusão dos trabalhos é de 24 meses – ou seja – até março de 2026. Segundo o governo municipal, o objetivo da revitalização é manter as características históricas e paisagísticas do espaço. O projeto inclui o manejo arbóreo, vigilância, restauração de edificações, vias de passagem, rede elétrica e intervenções estruturais.
O investimento inicial do Executivo girava em torno de R$ 76 milhões. Atualmente, está em cerca de R$ 95 milhões. Durante o debate, o vereador Alessandro Guedes explicou que o prazo para finalizar as obras termina daqui a oito meses. O parlamentar demonstrou preocupação com a programação da Prefeitura, já que “era para estarmos aqui comemorando 77% das obras concluídas, mas apenas 13% foram executadas”.
Guedes afirmou ainda que para a operação plena do contrato, a Prefeitura deveria ter investido R$ 74,9 milhões. Porém, o vereador disse que até o momento foram empenhados R$ 28,9 milhões. O valor corresponde a 30% do total dos recursos. “Eu estou muito preocupado com esse prazo”.
“Se a Prefeitura não liberar a nova parcela de execução em 2025, precisará de no mínimo o ano de 2026 inteiro para a execução das obras. Com isso, a população só teria acesso integral às melhorias em 2027. Isso atrasaria a entrega da obra em no mínimo um ano”, destacou Alessandro Guedes.
Participação popular
A audiência reuniu representantes da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, da GCM (Guarda Civil Metropolitana), da sociedade civil, conselheiros e gestores do Parque do Carmo. Além do atraso das obras, os moradores da região também trouxeram para o debate demandas ligadas às áreas de infraestrutura, segurança, cultura e esporte.
“Eu vou muito com os meus filhos lá. Meu carro já teve os vidros estourados, não tem água pra beber, nenhum bebedouro, não tem papel nos banheiros. Quando eu vou ao parque eu tenho que levar. Tem muito lixo espalhado, enfim. Inclusive, meus filhos levaram sacolinhas para recolher o próprio lixo e acabaram recolhendo o lixo que outras pessoas deixaram lá. São muitas as questões, mas a da segurança eu gostaria muito que fosse reforçada”, declarou Telma Gonçalves, moradora da região.
Douglas Alves Machado reforçou o apelo por mais policiamento no local. Ele disse que o parque tem perdido frequentadores por falta de segurança. “Há muitos roubos e furtos no parque. Eu gostaria de saber se é possível instalar câmeras de segurança dessas que estão identificando pessoas que possuem problemas com a justiça. Elas devem ser instaladas o quanto antes, porque temos medo de deixar o carro lá e, quando voltar, encontrar o carro furtado”.
Ainda sobre segurança pública, Francisco Carlos Barbosa reclamou da escuridão do local. “Uma das coisas que merecem destaque é a iluminação, porque quando tem iluminação, não tem bandido. O camarada não vai assaltar à luz do dia. A gente vê um lado iluminado e o outro todo escuro, então é aquela bagunça, só tem lixo jogado. É preciso também um pouco mais de conscientização das pessoas. Tá faltando isso”.
Já Luiz Maranhão quer a inclusão de novas modalidades esportivas na reforma do parque. Como exemplo, o morador da capital citou o skate. “Eu quero deixar registrado aqui um pedido para que seja construída uma pista de skate no Parque do Carmo, porque os skatistas vivem me cobrando. Nós estamos perdendo skatistas da nossa região para outros bairros da cidade, porque aqui não tem uma pista de qualidade. Se for possível, seria muito bacana”.
Participação dos convidados
Representando a SVMA (Secretaria do Verde e do Meio Ambiente), Isabella Maria Davenis, da Divisão de Implantação, Projetos e Obras, disse que as audiências públicas são importantes durante o processo de revitalização do parque. Ela explicou o motivo do atraso das obras.
“Tem a sua complexidade, né? É um parque de uma dimensão metropolitana. Pessoas de outros bairros também frequentam, há vários eventos anuais. O parque continua aberto, então temos que lidar com essa complexidade do parque aberto e ir tocando a obra ao mesmo tempo. Temos a expectativa de entrar com um aditivo de prazo. Esperamos que na próxima audiência, em novembro, possamos apresentar uma evolução da obra e qual será esse novo prazo para a conclusão”, falou Isabella.
Kátia Molina, gestora do Parque do Carmo, afirmou que a prioridade é resolver os problemas dos banheiros. “O parque, hoje, enfrenta dificuldades com os sanitários. Na festa das cerejeiras tivemos alguns entraves, porque são sanitários antigos, o prédio é antigo. Todos os sanitários vão passar por reformas e, dentro da requalificação, todos serão contemplados. Vamos iniciar a partir da semana que vem a reforma dos banheiros”.
Sobre o Parque
Fundado em 1976, o Parque Olavo Egydio Setúbal – Parque do Carmo, é o segundo maior parque urbano da capital paulista. A área é equivalente à cidade de Lisboa, capital de Portugal, ficando atrás apenas do Parque Ibirapuera. O local possui quase 1,5 milhão de metros quadrados, e recebe até 500 mil visitantes por dia.
As atrações do parque incluem o museu do meio ambiente, monjolo, lagos, estacionamento, anfiteatro natural, aparelhos de ginástica, campos de futebol, ciclovia, pista de cooper, playgrounds, quiosques, churrasqueiras, gramados para piqueniques, redário, o viveiro Arthur Etzel e o bosque da leitura.
Um dos pontos considerados mais emblemáticos do parque é o bosque das cerejeiras, que abriga cerca de quatro mil árvores e 268 espécies de fauna, incluindo 25 tipos de borboletas. O planetário Professor Acácio Riberi, com capacidade para 168 pessoas, é considerado um dos mais modernos do Brasil.
Clique aqui para assistir à íntegra da discussão: