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Audiência discute impactos da poluição causada por indústria de isolamento térmico na zona sul

Por: KAMILA MARINHO
DA REDAÇÃO

13 de junho de 2025 - 21:42
Richard Lourenço | REDE CÂMARA SP

Moradores do distrito de Santo Amaro, zona sul da capital, participaram nesta sexta-feira (13/6) de uma Audiência Pública na Câmara Municipal de São Paulo. Eles compartilharam os problemas com as poluições atmosférica e sonora causados por uma fábrica da região que produz materiais de isolamento térmico e acústico.

O debate foi presidido pela vereadora Renata Falzoni (PSB), integrante da Comissão de Trânsito, Transporte e Atividade Econômica. De acordo com a parlamentar, o distrito enfrenta graves episódios de poluição atmosférica provocada por emissões industriais pela empresa Saint Gobain do Brasil Produtos Ind. e Prod. Ltda.- empresa do Grupo Isover Brasil, com forte odor e presença de fumaça densa.

“Esse problema precisa ser solucionado. A empresa deve obedecer à solicitação feita pela Cetesb – que a unidade seja transferida para um lugar com menos moradores perto, que tenha mais espaço aéreo para dispersão dos poluentes, e mesmo assim, com controle rigoroso”, afirmou Falzoni.

Realidade dos moradores

Segundo os moradores, a indústria opera durante todo o dia e também durante a madrugada, liberando fumaça densa e mau cheiro pela chaminé. Os relatos apontam impactos na saúde e na qualidade de quem mora próximo à indústria. Entre os sintomas, estão a dificuldade para respirar, a secura e a irritação da pele e ardência nos olhos.

Lilian Lira, líder do Movimento Santo Amaro Respira, participou da mesa ao lado da vereadora e observou que a situação está crítica para quem vive próximo à indústria e fez uma apresentação com imagens da fumaça emitida pela Saint Gobain.

“Esse é o terror com o qual convivemos. A fumaça densa não é uma fumaça de água, é de poluentes. Quem mora perto da fábrica, não consegue abrir uma janela da casa, pois o odor é muito forte. Está insustentável”, reclamou Lilian.

Moradora de um condomínio entregue há cerca de dois anos em frente à indústria, Any Luna conta que o sonho da moradia nova virou um pesadelo. “Eu percebi que as minhas filhas estão constantemente com a rinite atacada, meu marido não para de tossir, fora a ardência que todos nós sentimos, é terrível. Nós temos uma área de lazer maravilhosa dentro do condomínio, pagamos para viver aquilo, mas não conseguimos usar. O cheiro é horrível e é possível ver o vapor entrando no ambiente. Não podemos nem ter momentos de lazer”, reclamou a vizinha da empresa.

Cetesb 

Em março de 2023, os moradores encaminharam uma petição à Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). O documento solicitava a suspensão da fumaça. Após a petição, o Ministério Público de São Paulo iniciou a investigação do caso.

Nos últimos dois anos, a companhia emitiu multas e advertências contra a empresa por emissão irregular de odores e ruídos, e atualmente, analisa o plano de melhoria ambiental apresentado pela empresa. O diretor presidente da Cetesb, Thomaz Miazaki de Toledo, participou do debate de forma online e disse que as reclamações subiram muito de 2023 para cá.

“Se há tantas reclamações, demonstra que há um problema na operação da empresa. Nós lamentamos a ausência de representantes da Saint Gobain, já que eles são responsáveis pela elaboração dos estudos e do compromisso que a empresa tem assumido perante a Cetesb. Existe a concordância de se realizar o descomissionamento da planta da indústria na região, e promover a mudança da unidade para outro local. O grupo também se comprometeu em acabar com a emissão de odor, o principal problema que temos atualmente”, comentou Thomaz.

Subprefeitura de Santo Amaro

Também de forma online, Silvio Rocha de Oliveira Júnior, subprefeito de Santo Amaro, observou que as licenças e certificados para funcionamento estão em dia. “Eu fiz uma visita até a fábrica, também me reuni com a Cetesb e com os moradores para entender a situação de forma mais aprofundada e contribuir para sanar os problemas de poluição”.

Posicionamento da empresa

Em um comunicado enviado à Audiência Pública, o Grupo Isover explicou que “não foi possível viabilizar a participação de um representante da empresa” e reiterou “a total disposição para contribuir com esclarecimentos técnicos”.

Ainda segundo o comunicado, a empresa informou que está desenvolvendo “um amplo Plano de Melhoria Ambiental, com 61 ações, das quais 60 já foram concluídas”. Sobre as outras reclamações dos moradores, diz a empresa:

Em relação a percepção de odor relatada por parte dos moradores do entorno, informamos que há uma ação em andamento para minimizar o desconforto pontuado, que contempla a adoção de uma nova resina, como já alinhado com a Cetesb. Reforçamos que a empresa opera em conformidade com os parâmetros definidos pelos órgãos ambientais competentes e seguirá atuando com transparência e colaboração para aperfeiçoar continuamente seus processos”.

A íntegra do debate pode ser conferida aqui.

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