A Subcomissão do Serviço de Transporte Individual de Passageiros por Motocicleta – que é vinculada à Comissão de Trânsito, Transporte e Atividade, Econômica – se reuniu nesta terça-feira (7/10) para ouvir Ciro Biderman, professor de administração pública e economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e diretor do FGV Cidades. Um estudo da instituição aponta a revolução do transporte por aplicativo como um problema atual diante da queda do uso do transporte público em São Paulo.
“Houve uma recuperação dos modais públicos entre 2002 e 2007, devido a investimentos, porém o transporte individual passou a ser a nossa realidade. O transporte ativo e público vem caindo e os carros aumentam a participação, junto de motos, aplicativos e táxi”, indica levantamento FGV Cidades entre 2007 a 2023.
Ciro Biderman destacou durante a reunião a segurança viária. “Não podemos esquecer dela, pois as motos representam parcela considerável dos acidentes de trânsito. O transporte público não consegue competir. O risco é tirar passageiro do transporte público, do deslocamento a pé e bicicleta e levá-lo para o aplicativo. A sociedade perde em termos de emissão e segurança, e segurança é peça chave aqui.”
De acordo com o estudo da FGV, a velocidade continua sendo o principal fator individual que causa acidentes. As motos correspondem por 62% dos sinistros no município, apesar de haver 3,65 carros para cada veículo sobre duas rodas.
“Como resultado do estudo, o efeito de uma queda significativa da sinistralidade aparece apenas quando há simultaneamente a redução de velocidade e a implementação de radares. A gente pode pensar, via de regra, proibir e ponto, mas parece uma regulação muito simplória, pois não há evidência de que os acidentes estejam ligados ao mototáxi. A política pública precisa entender bem a origem do problema para regular de maneira inteligente.”
Vereadores
Presidente da Subcomissão, a vereadora Renata Falzoni (PSB) comentou à Rede Câmara SP que o levantamento indica que a utilização de motos para trabalho remunerado – motofrete ou aplicativo – conflita com o transporte público.
“Observamos soluções de integração entre os modais que não atentem contra o transporte coletivo para melhorar a qualidade de ambos. É preciso termos segurança viária e reduzir as velocidades, além de trabalhar o sistema como um todo. Vejo ser diferente culpar para resolver e se responsabilizar para que todos os atores trabalhem para diminuir os riscos”, disse a parlamentar.
Já o vereador Paulo Frange (MDB), relator das atividades, entendeu que a participação de Ciro Biderman trouxe contribuições relevantes para os trabalhos. Uma das ideias, contou à reportagem, é que o trajeto final seja realizado por motos, afastando a competição com o sistema de transporte público.
“Ele pontuou o crescimento vertiginoso de motos pós-pandemia. São números grandes, caminhando para 10 acidentes com moto por dia em São Paulo, é impossível subestimar os números. Minha preocupação é que os motociclistas possam trabalhar de forma regulamentada, a partir dos pontos terminais de ônibus e metrô, até os locais mais periféricos. Mesmo assim, não podemos desconsiderar questões de segurança, é preciso manter as regras de trânsito.”
Participaram da reunião conduzida pela presidente da Subcomissão, vereadora Renata Falzoni (PSB), os parlamentares: Senival Moura (PT) e Paulo Frange (MDB). A íntegra pode ser vista aqui.