Para conhecer experiências de coleta de resíduos e zeladoria de cidades europeias, a Comissão Extraordinária de Relações Internacionais recebeu em reunião, nesta terça-feira (01/10), diplomatas da Alemanha, Espanha, Itália e Portugal, que relataram práticas bem sucedidas de cidades-irmãs de São Paulo.
O cônsul-geral de Portugal, Paulo Nascimento, falou sobre a importância da educação para enfrentar problemas ambientais. “A sensibilização da sociedade civil é a melhor forma de se evitar a poluição. Precisamos prestar atenção no que consumimos e produzimos”, disse o cônsul-geral de Portugal, Paulo Nascimento.
Já o cônsul-geral da Espanha, Ángel Vázquez, falou sobre as parcerias com a iniciativa privada. Vázquez destacou, contudo, a necessidade de leis e vontade política, para investir na gestão de resíduos sólidos. “A conscientização da população é muito importante, é uma questão cultural. Um dos problemas mais evidente em São Paulo é o lixo. Os responsáveis políticos precisam disseminar políticas públicas de investimento no tratamento do lixo”, disse o diplomata.
Com a parceria estabelecida há décadas, Milão e São Paulo já trocaram práticas. “Esse âmbito de cooperação na gestão do lixo e sustentabilidade da sociedade é com certeza um dos setores que podemos compartilhar de forma mais efetiva”, disse o cônsul-geral da Itália, Simone Panfili.
No ano passado, foi assinado um novo termo de cooperação entre as duas cidades, segundo o cônsul, exatamente para dar nova vida ao acordo inicial. “Dessa vez com foco no âmbito mais moderno, e a sustentabilidade e gestão do lixo é um desses âmbitos”, disse Panfili.
Baixa reciclagem
Também presente à reunião com os diplomatas, Cloves Benvenuto, diretor da ABLP (Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública), disse que a taxa de reciclagem brasileira é inferior a 2%. “Temos muitos lixões que estão poluindo nosso meio ambiente e trazendo problemas de saúde pública. A reciclagem tem que ser mirada, pois não adianta ter o reciclável e não poder transformar em reciclado”, disse Benvenuto. De acordo com ele, apenas 25% da coleta seletiva é aproveitada. No entanto, 75% da coleta vai para aterros ou lixões.
Tecnologia
Para o vereador Antonio Donato (PT), diante dos padrões nacionais, São Paulo pode ser considerada uma cidade avançada, devido aos aterros controlados e centrais de triagem mecanizada, ainda que com alcance pequeno. “Esta iniciativa de trazer países europeus que possuem tecnologia na área é importante, para que a gente possa aprender com essas cidades-irmãs de São Paulo. Todas elas têm sistema de tratamento de resíduos sólidos muito eficientes. Com esse intercâmbio, podemos avençar bastante”, disse Donato.
Para a presidente da comissão, vereadora Janaína Lima (NOVO), os temas abordados evidenciaram um grande impasse enfrentado pela cidade, na questão da reciclagem do lixo. “Tivemos uma ampla participação da sociedade civil. No entanto, isso mostrou que São Paulo tem muito a aprender com esses países. Mas nós temos ações pontuais que também podem agregar a esses países europeus”, disse a vereadora.
Também estiveram presentes à reunião com os diplomatas o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador Eduardo Tuma (PSDB), e os vereadores André Santos (REPUBLICANOS), Fábio Riva (PSDB), Mario Covas Neto (PODE) e Soninha Francine (CIDADANIA).