CPI da Íris: parlamentares ouvem youtubers que divulgaram vídeo sobre o projeto World ID

Durante a reunião, o colegiado ainda aprovou um requerimento

Por: VITÓRIA SANTIAGO
DA REDAÇÃO

21 de outubro de 2025 - 14:26
Reunião da CPI da Íris, realizada em 21 de outubro de 2025. Imagem de plenário da Câmara Municipal de São Paulo, com mesa diretora e telão exibindo reunião da comissão. Ambiente amplo e iluminado, com poucos presentes e assentos azuis dispostos em semicírculo.Lucas Bassi | REDE CÂMARA SP

Nesta terça-feira (21/10), vereadores da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Íris realizaram oitivas com dois influenciadores digitais, intimados a prestar esclarecimentos sobre vídeo divulgado sobre o projeto World ID. O objetivo do colegiado é apurar a atuação da Tools for Humanity, que ofereceu recompensas financeiras para realizar o escaneamento da íris de cidadãos paulistanos.

Depoimentos

O primeiro a falar foi Daniel Mologni, conhecido como Dani Molo, influenciador digital, coofundador e apresentador do canal de YouTube “Você Sabia?”. Ele foi convidado pela Tools para participar de um evento na Califórnia, Estados Unidos, mas não conseguiu comparecer. Por isso, enviou um representante de uma agência parceira que, na ocasião, produziu um vídeo explicativo sobre o projeto World ID. O conteúdo foi divulgado no Instagram: @vocesabiavideo.

“A gente tem um e-mail para contato, e eles (Tools For Humanity) entraram em contato conosco para participarmos de ações do projeto. Fomos convidados para ir aos Estados Unidos, mas não conseguimos ir por questões burocráticas. Por isso, enviamos uma pessoa de confiança, um representante da agência parceira, para apurar e cobrir o evento. O que entendemos é que se tratava de uma tecnologia que verificava a humanidade das pessoas. Então, o nosso representante dessa agência parceira, Leonardo, foi, fez o vídeo, e nós divulgamos na nossa página do Instagram. A ideia foi publicar um conteúdo informativo, mostrando sobre essa nova tecnologia”, comentou Molo.

O empresário ainda destacou que não induziu pessoas a realizar o escaneamento da íris e opinou que a proposta demonstrou trazer garantia de segurança no ambiente digital. “É importante deixar claro que, em momento algum, eu induzi as pessoas a fazerem o escaneamento da íris. De qualquer forma, eu faria o escaneamento da minha íris sem problemas. Como influenciador, acho que quem recebeu o convite para fazer a verificação da íris pode escolher o que quer fazer, se quiser ir. Além disso, o que eu diria para as pessoas sobre essa tecnologia é que se trata de uma tecnologia muito boa, pois permite que seja feita uma verificação da humanidade, o que é um avanço tecnológico que tende a crescer futuramente. Entendo que é um processo realizado com a intenção de garantir segurança no ambiente digital”, pontuou o empresário.

O youtuber ainda ressaltou que chegou a assinar contrato com a empresa para a produção de conteúdos informativos sobre o projeto e finalizou elogiando os trabalhos e apurações que estão sendo realizados pelo colegiado.

“Posteriormente, após a viagem do nosso representante, fizemos um contrato com a Tools. A intenção era produzir conteúdos informativos sobre o projeto Word ID. Para finalizar, gostaria de elogiar o trabalho que está sendo feito por essa Comissão. É fundamental ter essa preocupação. É importante averiguar os trabalhos prestados pelas empresas que se instalam aqui em São Paulo, por isso nos colocamos à disposição para ajudar com as informações que temos”, concluiu o youtuber.

Na sequência, Lukas Marques, também apresentador do canal de YouTube “Você Sabia?”, disse entender o projeto World ID como algo inovador e que possibilita segurança no ambiente virtual. “O que entendi é que se trata de uma tecnologia inovadora que dá segurança ao usuário, porque possibilita validar se aquela pessoa é humana mesmo.”

Marques concluiu esclarecendo sobre o contrato de publicidade informativa que teria sido firmado com a Tools. “Gostaria de deixar claro que, quando fechamos essa publicidade com a empresa Tools, foi porque entendemos ser um projeto interessante para a população, pelo fato de ser uma proposta que viabilizaria a garantia de segurança no ambiente virtual. Mas, obviamente, após os trabalhos realizados por essa CPI, iremos entender, a fundo, as intenções reais da empresa. Estamos acompanhando, até mesmo, para ter transparência, após toda a polêmica gerada em torno desse assunto”, disse.

Presidente da CPI

Após as oitivas, a presidente da CPI, vereadora Janaina Paschoal (PP), disse que há uma população vulnerável na cidade de São Paulo que fez o procedimento e, por isso, todas as apurações e depoimentos recolhidos na CPI são válidos para que o colegiado entenda o caso e tome providências.

“Há uma população muito vulnerável que foi atraída para esses locais [onde o escaneamento da íris foi efetuado] para fazer esse procedimento e não tinha conhecimento do que se tratava. Não estamos aqui para constranger nem investigar as testemunhas, mas sim para entender, ouvindo a todos, quais poderiam ser as intenções da empresa. Ao final de todas as apurações dessa CPI, com certeza, teremos mais claro por que eles escolheram São Paulo e, até mesmo, poderemos verificar as providências a serem tomadas. Por isso, cada oitiva coletada aqui contribui para os nossos trabalhos”, comentou a vereadora.

Requerimento

Além das oitivas, durante a reunião foi aprovado um requerimento da vereadora Janaina Paschoal, que solicita a presença de representantes de empresas contratadas pela Tools para prestar depoimento. “Nós já ouvimos alguns representantes das empresas que foram contratadas para alugar espaços onde foram abertas as unidades da Tools, mas faltavam alguns. Agora iremos tentar intimá-las, se possível, os quatro representantes dessas companhias, já na próxima semana”, disse a parlamentar.

A reunião da CPI da Íris, que pode ser vista na íntegra aqui, foi conduzida pela vereadora Janaina Paschoal (PP) – presidente do colegiado. Participaram do encontro os parlamentares: Ely Teruel (MDB)Sansão Pereira (REPUBLICANOS)Silvão Leite (UNIÃO), Gilberto Nascimento (PL), Kenji Ito (PODE) e João Ananias (PT).

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