CPI da Íris: empresa contratada pela Tools relata entraves bancários e preocupação com vazamento de dados

Por: GABRIELLY SPOSITO (*)
DA REDAÇÃO

11 de novembro de 2025 - 13:27
Reunião da CPI da Íris, realizada em 11 de novembro de 2025 no Plenário 1º de Maio. Imagem do plenário da Câmara Municipal de São Paulo com cinco pessoas - entre vereadores e funcionários da Casa. Todos sentados à mesa sob crucifixo. Fundo de mármore claro, ambiente iluminado e formal, com tela exibindo transmissão da reunião.Douglas Ferreira | REDE CÂMARA SP

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Íris realizou reunião nesta terça-feira (11/11) e ouviu o depoimento de mais uma empresa contratada pela TFH (Tools For Humanity) para realizar as operações em São Paulo.

Representando a Madison Br – Eventos LTDA, o consultor financeiro Elbio Leandro Benitez contou aos parlamentares que recebeu o contrato de operador já assinado por uma empresa estrangeira.

“Eu atuo como consultor financeiro de várias empresas. O advogado da Madison me propôs, através do pagamento de honorários, fazer a administração da empresa provisoriamente até a sócia estrangeira estabelecer-se no Brasil”.

Alfredo Capra, advogado da Madison, explicou que a empresa foi aberta em novembro de 2024 e encerrou as atividades em julho deste ano. Apesar do contrato firmado, a Madison não realizou operações na capital devido a dificuldades bancárias.

“Nós sofremos bastante. Elbio se apresentou em diferentes bancos porque precisávamos abrir uma conta-corrente e capitalizar a empresa. Mas os bancos privados não aceitavam o tipo de atividade econômica para abertura de conta-corrente”.

Capra relatou ainda que a abertura da conta só foi possível por meio de bancos digitais em junho de 2025. “Nós passamos seis meses lidando com bancos e não fizemos abertura de nenhum espaço físico porque não tínhamos capacidade de pagamento”.

Questionado pela vereadora Ely Teruel (MDB) – relatora do colegiado -, Capra disse ter preocupação com quem seria o responsável legal por responder aos munícipes em caso de vazamento de dados do projeto World ID.

“Há uma necessidade de adaptar-se às exigências legais. Eu considero essenciais para a sociedade que a gente vive. Os dados de qualquer um de nós estão sujeitos a vazamentos, manuseios ou alterações. Então, eu destaquei [em reunião com a sócia estrangeira] a necessidade de avaliarmos qual seria o impacto”.

Em entrevista à Rede Câmara SP, a presidente da CPI da Íris, vereadora Janaina Paschoal (PP), fez um balanço dos depoimentos e informou considerar as atitudes da Tools questionáveis.

“Mais uma reunião que confirma que a Tools não quis responsabilidades aqui no país. Se ela buscou tantos parceiros para fazerem seu trabalho aqui em São Paulo, por que não constituiu uma empresa diretamente para que as autoridades pudessem acessá-la?”.

Requerimento

Os vereadores também aprovaram um requerimento do vice-presidente do colegiado, o vereador Gilberto Nascimento (PL). O documento convida a representante da Alandar – empresa de consultoria especializada em tecnologia – para contribuir com os trabalhos da CPI.

Além da presidente, do vice-presidente e da relatora, participaram da reunião os parlamentares João Ananias (PT), Kenji Ito (PODE), Sansão Pereira (REPUBLICANOS) e Silvão Leite (UNIÃO) – todos integrantes da Comissão. Os trabalhos desta terça podem ser assistidos neste link.

Atuação da CPI da Íris

A CPI da Íris tem como objetivo apurar a atuação da empresa Tools for Humanity que, por meio do projeto World ID, ofereceu recompensas financeiras para realizar o escaneamento da íris de cidadãos paulistanos.

É importante ressaltar que a CPI da Íris possui um canal específico para coletar contribuições e manifestações dos munícipes sobre o objeto de investigação do colegiado. O espaço para contribuições está disponível na página da CPI dentro do Portal da Câmara.

(*) Com a supervisão de Fernanda Lucena

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