O papel dos zoológicos no século XXI é debatido na Câmara

2 de outubro de 2017 - 20:01

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Luiz França/CMSP

Reunião ocorreu nesta segunda-feira na Câmara Municipal de São Paulo

NAYARA COSTA
DA TV CÂMARA

O papel dos zoológicos no século XXI foi tema de um debate na Câmara Municipal de São Paulo. A maioria dos participantes do debate defendeu que o formato atual dos zoológicos, até mesmo os mais estruturados, como o de São Paulo, precisa ter um novo significado. Uma das principais críticas é a exposição dos animais apenas como forma de entretenimento, não respeitando os requisitos básicos para a qualidade de vida das espécies.

O coordenador de operações de fiscalização do Ibama, Roberto Cabral Borges, diz que o cenário precisa mudar. “Nós já temos tecnologia para mudar isso. Para mostrar os animais de uma forma diferente e a gente quer caminhar para esse lado”, disse. “Você pode ter o entretenimento sem manter os animais em cativeiro. E os animais que necessitarem estar cativos, que estejam por um motivo mais nobre que é a conservação”.

O vereador Reginaldo Tripoli (PV) disse que já existem tecnologias e plataformas para a educação ambiental. “É preciso uma forma em que a pessoa tenha o contato como o animal na sua natureza. E não aqui em um lugar que você não consegue enxergar o animal. Os animais que estão ali já não são mais aqueles animais (…) Você vê um leão, um urso, e ele está ali sentado, parado. Não há um animal que você vai conhecer da forma em que ele vive.

Tripoli afirmou ainda que a ideia não é acabar com os zoológicos, mais sim reformular o trabalho realizado, com iniciativas como a suspensão das visitas.

O secretário do Verde e Meio Ambiente, Fernando Von Zuben, também concorda com a reformulação dos trabalhos, e avalia que é preciso criar uma legislação que proíba a abertura de novos zoológicos em todo o País.

“Os que conseguem se manter e tratar os animais de uma forma mais digna devem continuar, obviamente. Entretanto, os que não têm condições de funcionar teriam de ser transformados em santuários.

O presidente da Fundação Zoológico de São Paulo, Paulo Magalhães Bressan, se disse aberto aos debates, mas lembrou que, caso as visitas sejam suspensas, atividades de pesquisa e programas de reprodução de espécies realizados pela Fundação, que completa 60 anos em 2018, podem ser prejudicados, já que dependem diretamente da verba da bilheteria.

“É uma proposta que demanda solução. E isso também é o que faz diferença nessa discussão. Se a gente tiver essas soluções, eu acredito que a outra questão é como você vai convencer a sociedade que um zoológico como o de São Paulo, com 60 anos de vida e mais de 80 milhões de visitantes [precisa fechar]. É preciso saber o que ela [a sociedade] acha disso”.

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