A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para Apurar e Investigar os Danos Ambientais aprovou, nesta terça-feira (10/3), visita de inspeção ao bairro da Vila Carioca, na zona leste, onde o subsolo e o lençol freático da região estão contaminados por metais pesados, como chumbo, e substâncias tóxicas, como pesticidas, organoclorados e organofosforados. O problema, identificado em 1993, foi causado pelo enterro de resíduos dos tanques de combustível – as chamadas borras – da Shell. A decisão foi tomada depois que o presidente e o vice-presidente da SOS Vila Carioca, respectivamente Aristides Acosta Fernandes e Marcelo Guiraldo, informaram aos vereadores que a situação na região continua grave e que pouca coisa foi realizada para combater a contaminação que continua causando mortes dos moradores.
Para dar uma idéia de como está alto o índice de mortalidade no bairro, Acosta Fernandes fez a seguinte comparação: “Enquanto no Ipiranga, com uma população de 3,5 milhões de pessoas, o índice é de 7,8 mortes a cada mil pessoas, na Vila Carioca, com apenas 30 mil moradores, esse índice é quase o dobro: 13,9 em cada mil pessoas.”
Acosta Fernandes e Guiraldo acusaram ainda a Shell de realizar ações para desestimular a população a fazer exames de sangue e reduzir os protestos. “A empresa realiza jogos de futebol, dá troféus, brindes, além de realizar passeios”, disseram.
Eles denunciaram também que o posto de saúde criado para realizar apenas exames nos moradores com suspeita de doenças provocadas pela contaminação não está cumprindo com sua obrigação. “Além de ficar distante da Vila Carioca, o posto está atendendo pessoas de outros bairros sem se dedicar aos exames dos moradores com sintomas de contaminação”, disse Acosta Fernandes.
“O que está ocorrendo na Vila Carioca é muito grave. Por isso, nós definimos uma inspeção na Vila Carioca. Vamos definir a data quando a Cetesb e a Secretaria do Verde e Meio Ambiente designarem técnicos para acompanhar os integrantes da CPI”, informou o vereador Antonio Goulart (PMDB), presidente da CPI.
O vereador também vai solicitar a Secretaria do Verde e Meio Ambiente que envie, para ser comissionada na CPI, uma arquiteta, para auxiliar nos trabalhos da comissão.
Denúncia
O vereador Paulo Frange (PTB) denunciou que os galpões da antiga Cooperativa Agrícola de Cotia, no bairro do Jaguaré, zona oeste, estão servindo de depósito clandestino para toneladas de resíduos de produtos organoclorados e organofosforados. “São produtos perigosos à saúde dos moradores e, por isso, solicito que seja feita uma visita ao local, com a participação de representantes da Subprefeitura da Lapa, do Ministério Público Estadual, da CETESB, da Polícia Ambiental”, pediu o parlamentar.
Preocupado, o presidente da CPI entrou em contato com a subprefeita da Lapa, Soninha Francine. “Pedi a ela que faça uma visita ao local e coloque uma viatura da Guarda Civil Metropolitana para que nada seja retirado dos galpões até a inspeção que será feita pelos integrantes da comissão”, disse Antonio Goulart.
Integram a CPI, os seguintes vereadores: Antonio Goulart (PMDB), Ítalo Cardoso (PT), Juscelino Gadelha (PSDB), Alfredinho (PT), Penna (PV), Marco Aurélio Cunha (DEM), Paulo Frange (PTB) e Milton Ferreira (PPS).
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Integrantes da CPI dos Danos Ambientais vão à Vila Carioca
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