CPI Pantanal: especialista em urbanização e recursos hídricos apresenta soluções às enchentes em território afetado de São Paulo

Por: FELIPE PALMA
DA REDAÇÃO

27 de novembro de 2025 - 14:42
Imagem de uma reunião formal com quatro pessoas em mesa oval. Placas de identificação e microfones à frente. Sala iluminada por luz natural, persianas fechadas ao fundo, ambiente corporativo e organizado.Douglas Ferreira | REDE CÂMARA SP

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) Pantanal recebeu na reunião de trabalho desta quinta-feira (27/11) um pesquisador do campo da urbanização e recursos hídricos. Afonso Castro, doutor em Arquitetura e Urbanismo, contribuiu com os trabalhos do colegiado ao explicar tecnicamente a situação nos Jardins Pantanal e Helena diante de constantes chuvas e soluções de drenagem adequadas para a região.

No entendimento do especialista, é preciso recuperar as características hidrológicas do território, porém o espaço vive disputas que atrapalham o encaminhamento de possíveis melhorias. Para o professor da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) do Mackenzie, que lidera um grupo de ação no local investigado pela CPI, são conflitos de políticas sociais, ocupação de terras, além do uso inadequado do meio e injustiças.

“É uma disputa entre água e solo. Temos uma característica, que é a condição original do território. Os rios de várzea, como o Tietê, não têm grandes profundidade e declividade, então em períodos de cheia acontece o extravasamento dos leitos formando a várzea. O Jardim Pantanal e o Jardim Helena passam por um conflito em meio ao processo de urbanização, nunca vamos conseguir restabelecer a condição original, pois a solução era tirar todo mundo de lá e isso é inviável.”

Afonso Castro explicou aos integrantes da CPI Pantanal que a tentativa de resolução das complexidades tem implicações sociais muito grandes devido à disputa institucional sem a atuação do Estado. Ele entende, de maneira geral, que um dos caminhos é envolver todos os agentes que ocupam o território e as várias pastas responsáveis para que se trabalhe no desenvolvimento de soluções técnicas e no estabelecimento de relações equilibradas para não agravar os problemas.

“Temos que reorganizar nosso modo de construção do espaço e organização das cidades. A gente compreende que se não houver uma participação da população efetiva desde a etapa de diagnóstico, a construção de uma solução, implementação e gestão de obras não vão funcionar, é um conceito. As pessoas que vivem ali são as maiores conhecedoras dos problemas, porque são vítimas, segundo que qualquer solução de drenagem só funciona se estiver articulado com outras redes.”

Por fim, de acordo com o professor da FAU Mackenzie, um conjunto de medidas para mitigar a elevação dos níveis da água na região passa pela implementação de soluções de infraestrutura. Para Afonso Castro existe ainda um paradigma que está impregnado na consciência das pessoas que vivem no local afetado e atinge a gestão pública, que é a ‘boa e velha solução’, sem qualquer avanço temporal.

“A gente não consegue resolver os problemas se não for por meio de um sistema composto por iniciativas de macrodrenagem, como a construção de diques e grandes reservatórios, aliadas à microdrenagem. A gente tem que trabalhar com variáveis, pois grandes obras podem falhar, logo é necessário estabelecer uma execução economicamente viável, por isso tem que haver alternativas. Mesmo que custe mais em um primeiro momento, tanto gestão quanto manutenção vão reduzir os custos lá na frente.”

Vereadores

Parlamentares conduziram a reunião de trabalho e tiveram a oportunidade de questionar o especialista. O relator da CPI Pantanal, vereador Silvão Leite (UNIÃO), destacou a participação de um pesquisador ao trazer propostas simples que contribuem para a solução final do problema, que considera complexo.

“Passa por pequenas soluções, precisamos estar atentos a estudos que possam contribuir. Questões da microdrenagem, da colocação de um piso drenante, por exemplo. A gente não pode só pensar na desocupação neste momento, precisamos adaptar e pensar em contornar o que foi feito de forma errada, infelizmente, não podemos retirar todo mundo. Ele fala em solução adaptável.”

Já a vice-presidente do colegiado que investiga as causas e buscar soluções para os problemas das inúmeras enchentes, alagamentos e inundações no bairro de Jardim Pantanal e região, a vereadora Marina Bragante (REDE) indicou pontos importantes abordados por Afonso Castro e que devem ser priorizados pela cidade.

“Primeiro que de fato não temos apenas uma solução para o território e falamos em macro e microdrenagens. O segundo aspecto, ele trouxe ideias para que possamos pensar a cidade como um todo, pois a emergência climática já está acontecendo. Em terceiro lugar, a solução não pode vir do poder público e ser encaixada no local, mas precisa ser construída com as pessoas que vivem ali e sabem o que acontece. O contexto todo foi uma provocação para a CPI.”

A reunião contou com a presença e participação dos vereadores que integram a CPI Pantanal: Marina Bragante (REDE) – vice-presidente, Silvão Leite (UNIÃO) – relator, e Paulo Frange (MDB). O encontro pode ser visto aqui.

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