Em reunião extraordinária, a CPI da Pedofilia da Câmara Municipal de São Paulo ouviu, nesta quinta-feira (26/03), especialistas para recolher subsídios para as atividades.
A primeira a fazer sua exposição foi a psicóloga Dalka Ferrari, do Centro de Referência às Vítimas de Violência do Instituto Sedes Sapientiae. Ela esclareceu conceitos em torno do tema e enfileirou alguns dados alarmantes sobre a violência sexual. “A OMS fala que, nessa última década, milhões de crianças sofreram abusos e negligências por parte de pais e responsáveis”, contou. “Chegam também para nós crianças vítimas de violência física, com emprego de força física para resolver conflitos.”
Numa leitura psicanalítica, Dalka vinculou a ação do pedófilo ao mito grego de Narciso. “Todo mundo sabe da lenda de Narciso que se admirava e que de tanto se admirar ficou petrificado. Às vezes, a pessoa comete uma violência e não volta a fazer isso. Mas o pedófilo tem uma fixação por uma criança.” E contou mais sobre um exemplo de fixação colhido de uma sessão de entrevista com a vítima e o violentador, no caso, o pai da criança: “Um pai, assim que terminou a sessão, perguntou no final: ‘posso dar um beijo em você?’, mesmo estando impedido juridicamente e na frente da mãe e do psicólogo.”
A especialista apresentou dados do ILANUD que indicam que os lugares em que a criança está mais exposta à violência é, em primeiro lugar, na própria residência (26,95%), e, em segundo, na Internet (24,85%). Outros indicadores também mostram que o Brasil é o campeão em incidência de exploração sexual comercial de crianças no mundo.
“Quanto mais jovem a criança, menor sua capacidade de compreensão e suas defesas”, assegurou Dalka Ferrari.
Na sequência, os integrantes da CPI ouviram a intervenção da advogada Glória Lara, da Agência de Cooperação Social Farol, que ressaltou: “A violência sexual é uma violação de direitos humanos e é um fenômeno de múltiplas faces. Em São Paulo, existe um turismo de negócios que envolve exploração sexual de crianças e adolescentes.”
E continuou: “Com a Internet, a exploração se popularizou. No 3º Congresso Mundial de Enfrentamento à Violência, os especialistas estavam muito preocupados com as novas tecnologias, inclusive, com o uso do celular.”
“Nós temos aqui algum trabalho acumulado. Eu, como secretário [da Assistência e Desenvolvimento Social] – ossos do ofício – me envolvi com esse tema e conseguimos colocar o tema na agenda de debates em São Paulo – sem CPI – porque não estava. Há uma rede que estava despreparada para esse atendimento. Além disso, não acho necessário ouvir qualquer criança nessa CPI, porque existem relatos para isso”, opinou o vereador Floriano Pesaro (PSDB).
Compareceram à reunião da CPI da Pedofilia os vereadores Marcelo Aguiar (PSC), presidente; Quito Formiga (PR), vice-presidente; Carlos Alberto Bezerra Jr. (PSDB), relator; Juliana Cardoso (PT); Floriano Pesaro; e Sandra Tadeu (DEM).
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CPI da Pedofilia ouve especialistas em busca de fundamentos teóricos e práticos
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