Em reunião realizada nesta terça-feira (28/10) os vereadores que compõem a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Íris aprovaram um requerimento e colheram os depoimentos de três representantes de empresas contratadas pela TFH (Tools For Humanity) para realizar as operações em São Paulo. O objetivo foi entender como funcionaram os contratos firmados entre as empresas.
O primeiro a prestar esclarecimentos foi o representante da IGL Network S.A., Maurício Machado Zanetti. A empresa dele foi responsável pela operação de escaneamento da íris em pelo menos 12 endereços simultâneos, entre os meses de março e julho do ano passado.
Em seu depoimento, Maurício contou como conheceu o projeto World ID e detalhou o contrato firmado com a Tools. “Nós fazíamos o levantamento dos imóveis disponíveis para locação e indicávamos esses locais para a Tools. Eles selecionavam alguns desses endereços e autorizavam o início das operações”, declarou.
Segundo Maurício, ele era o responsável por firmar os contratos de locação com as imobiliárias, e que o contrato firmado com a TFH era por tempo indeterminado. Outro detalhe compartilhado pelo representante da IGL Network S.A., foi que, assim como as pessoas eram pagas com worldcoins pelo escaneamento da íris, as empresas contratadas pela Tools para realizar as operações também recebiam em moeda virtual. A informação foi confirmada em depoimento pelos outros dois depoentes ouvidos na sequência pela CPI.
Representante da empresa Vetor Serviços e Participações LTDA., Ademir Oliveira Rodrigues foi o responsável pela operação do escaneamento em sete lojas na capital paulista, abertas especificamente em locais com grande circulação de pessoas, incluindo shoppings. “Essa foi a nossa estratégia, já que os pagamentos feitos pela Tools levavam em consideração a quantidade de escaneamentos realizados. Portanto, nós priorizamos locais próximos a Poupatempos e estações de metrô, que possuem maior circulação de pessoas”, contou.
Ademir também afirmou que a Tools For Humanity arcava com os primeiros dois meses de aluguel dos espaços e também com os custos das reformas que eram feitas, durante este período, para viabilizar a operação nos locais. Segundo ele, a Vetor Serviços e Participações LTDA. lucrava o equivalente a quatro dólares por escaneamento realizado.
A analista de sistemas Siliane da Costa Carvalho, representante da empresa Ney Neto Produções Web3 e Eventos LTDA., foi a última a depor. Além de confirmar as informações passadas pelos depoentes das outras empresas, ela afirmou aos vereadores que teve a íris escaneada e que, inclusive, divulgou o projeto para seus familiares. “Eu acredito no projeto. Acredito que ele seja a solução para combater fraudes em processos realizados pela internet. Caso a Tools volte a realizar a operação na cidade, e esteja de acordo, com certeza voltaria a trabalhar para eles”, alegou.
Relatora da CPI, a vereadora Ely Teruel (MDB) comentou que a investigação do colegiado está longe de terminar. “Para mim, ainda faltam muitos detalhes. Cada um dos convidados que se coloca à disposição, mesmo que alguns caiam muitas vezes em contradição, a gente percebe que é de extrema importância que a gente leve esse trabalho adiante. Essa CPI existe para que a gente possa dar a oportunidade ao consumidor toda a transparência daquilo que está sendo oferecido a ele. Esse é o nosso dever, enquanto vereadores”, ressaltou.
Requerimento
Na oportunidade, o colegiado também aprovou um requerimento, de autoria da vereadora Janaina Paschoal (PP), que pede informações à TFH a respeito das parcerias firmadas com duas universidades americanas e uma empresa de tecnologia, citadas nos depoimentos dos representantes da Tools no Brasil.
“Nós oficiamos a empresa e as universidades citadas pelos representantes da Tools como instituições parceiras do projeto, só que uma delas não respondeu, a outra disse que não pode se manifestar a respeito e a outra negou qualquer tipo de parceria com a Tools. Então, assim, nós precisamos que a Tools For Humanity nos rebata essas informações e confirme quais são as instituições parceiras do projeto”, defendeu Janaina Paschoal.
A reunião da CPI da Íris, que pode ser vista na íntegra neste link, foi conduzida pela vereadora Janaina Paschoal (PP) – presidente do colegiado, e contou com as presenças dos parlamentares: Ely Teruel (MDB) – relatora, João Ananias (PT), Sansão Pereira (REPUBLICANOS), Kenji Ito (PODE) e Silvão Leite (UNIÃO).
Atuação da CPI da Íris
A CPI da Íris tem como objetivo apurar a atuação da empresa Tools for Humanity que, por meio do projeto World ID, ofereceu recompensas financeiras para realizar o escaneamento da íris de cidadãos paulistanos.
É importante ressaltar que a CPI da Íris possui um canal específico para coletar contribuições e manifestações dos munícipes sobre o objeto de investigação do colegiado. O espaço para contribuições está disponível na página da CPI dentro do Portal da Câmara.
