Todos os dias os coletores de lixo domiciliar de São Paulo expõem sua vida e sua saúde a diferentes riscos. Enfrentam as mais diversas situações, que vão desde a mordidas de cães a cortes em mãos ou pés, ocasionadas pelo não acondicionamento adequado do lixo, pelo cheiro dos restos e sobras mal embaladas, por causa do trânsito e das doenças que podem contrair pela contaminação pelo chorume. Em 1999, devido a denúncias que estavam ocorrendo até mortes entre os coletores de lixo, o Ministério Público Estadual (MPE) solicitou a Fundacentro, ligado ao Ministério do Trabalho e do Emprego, a realização de um levantamento de risco na atividade desses trabalhadores.
Inicialmente, de 23 a 27 equipes de técnicos da Fundacentro realizaram um levantamento dos acidentes de trabalho junto as empresas e, em seguida, fizeram uma pesquisa dos riscos durante o serviço de coleta.
“Em 2002, a Fundacentro elaborou um relatório, onde apontava mais de 80 recomendações para a melhoria do serviço, reduzindo os riscos à saúde do coletor”, informou a tecnóloga Teresa Luiza Pereira dos Santos, da fundação, nesta terça-feira (27/04), aos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar e apurar eventual deficiência no desempenho das competências outorgadas à Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa).
Entre as recomendações, os técnicos sugeriam, que devido ao ritmo de trabalho intenso, no qual os coletores correm o tempo todo, a redução de setores; a instalação de containeres; transporte para os trabalhadores ao final do serviço e a realização de campanha para esclarecimento da população para melhorar o acondicionamento do lixo.
Após receber o relatório com as recomendações, o setor do MPE que cuidava deste tema foi extinto. “Anos depois, o assunto voltou a ser discutido e, em 2006, o Ministério Público Federal (MPF) chamou de novo a Fundação para verificar se as recomendações feitas em 2002 foram cumpridas pelas empresas e o Poder Público. E constatamos que quase nada foi cumprido e o novo relatório foi entregue agora em abril ao MPF”, disse a representante do Fundacentro.
“Não falta dinheiro para a Saúde”
Ao prestar esclarecimentos à CPI, Neusa Maria Paiva se queixou que até agora o Executivo não criou o Fundo Municipal, onde deveriam ser destinados os recursos a serem gastos com a saúde no município, como determina legislação federal. Ela lamentou ainda que o secretário municipal da Saúde, Januário Montone, apesar de ser o presidente, não compareceu a nenhuma reunião do Conselho nem indiciou um representante.
Neusa denunciou também que o Conselho não tem a estrutura adequada para cumprir o que a Lei que determina o controle social do SUS, ou seja, fiscalizar, planejar, propor e controlar os recursos destinados à área de Saúde no Orçamento do Município, bem como propor o Plano Municipal de Saúde na Lei de Diretrizes Orçamentárias e Plano Plurianual. O Conselho deve ainda exercer o controle, o planejamento e a fiscalização do Fundo Municipal de Saúde.
Depois de ler parecer do Ministério Público Estadual, no qual acusa a Secretaria Municipal de Saúde de não cumprir a legislação federal e recomenda a criação do Fundo, a vereadora Sandra Tadeu (DEM) disse que “Fundo Municipal é extremamente importante, pois todo o dinheiro que é colocado na Saúde tem uma conta exclusiva, número e talão de cheque diferenciados só para a saúde, onde o Conselho Municipal poderá fiscalizar tudo a ser pago, tudo que vai ser comprado, de maneira específica e transparente e com um controle maior. Os recursos procedentes dos convênios com o governo federal e com órgãos internacionais serão depositados nessa conta e não numa conta em conjunto com a Prefeitura, como ocorre hoje”.
Ao ouvir o depoimento, o vereador José Ferreira Zelão (PT) desabafou: “Por culpa do governo o Conselho é capenga. O secretário da Saúde mantém o Conselho por uma questão legal, pois ele não respeita do Conselho.”
Neusa se queixou que ela e outros conselheiros são obrigados a utilizar seus próprios carros para realizar seu serviço porque não oferecem transporte. O vereador Paulo Frange (PTB) informou que o Orçamento do Município destina R$ 26 milhões para a locação de veículos. “É uma surpresa para mim”, reagiu a representante do Conselho.
Já o vereador José Police Neto (PSDB) lembrou que a Emenda Constitucional 29, que estabelece os percentuais a serem gastos pelas esferas de governo, cabe ao município aplicar em saúde no mínimo 15% da sua arrecadação anual, mas que a Prefeitura de São Paulo vem ultrapassando esse limite constitucional, chegando a destinar 20% do orçamento para a Saúde.
O vereador Paulo Frange (PTB) fez coro. “O prefeito Gilberto Kassab está dando um exemplo. Pela Emenda 29, a Prefeitura teria que aportar 15% da receita na Saúde, mas está colocando praticamente 20%. É o maior recurso de todos os municípios do Brasil. Portanto, aqui não falta dinheiro para a Saúde. Muita gente reclama que a Saúde está ruim por falta de dinheiro, é mentira, é inverdade, é desconhecimento de gestão pública. O que têm é desperdício, desmando, desvio, aplicação em outras situações. O que nós temos é tratar bem o dinheiro destinado à Saúde."
Participaram da reunião os seguntes vcereadores: José Police Neto (PSDB), Jamil Murad (PCdoB), Aurélio Miguel (PR), Milton Ferreira (PPS), José Ferreira Zelão (PT), Sandra Tadeu (DEM), Paulo Frange (PTB) e Noemi Nonato (PSB).
|
Coletores de lixo enfrentam riscos à saúde
Categorias
Outras notícias relacionadas
Vereadores que compõem a CPI Pantanal farão sobrevoo pelas regiões mais afetadas pelos alagamentos
Em reunião realizada nesta quinta-feira (9/10), os vereadores que fazem parte da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) Pantanal da Câmara Municipal de São Paulo ouviram lideranças da região do Jardim Pantanal, zona leste da capital. Os parlamentares também aprovaram requerimentos para dar continuidade nos trabalhos de apurar os impactos causados pelas chuvas. Um dos documentos... »
Atualizado em 09/10/2025 - 16h57CPI dos Pancadões: PSIU, funkeiro e subsíndico de região afetada prestam depoimento
A atuação do Programa de Silêncio Urbano e a participação de MCs em bailes funk estiveram entre os principais questionamentos feitos pelos parlamentares na reunião desta quinta (9/10).
Atualizado em 09/10/2025 - 14h27Câmara de SP aprova CPI do Metanol
A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta quarta-feira (8/10) a criação da CPI para apurar a comercialização de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. O requerimento é de autoria da vereadora Zoe Martínez (PL). A CPI terá sete membros a serem indicados pelos líderes das bancadas. Esta será a quinta CPI em atividade, número máximo... »
Atualizado em 08/10/2025 - 15h51