Tom Zé, um dos mais consagrados artistas brasileiros de todos os tempos, foi homenageado com o Título de Cidadão Paulistano. A entrega da honraria, que lotou o Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo, aconteceu em uma Sessão Solene realizada na tarde deste sábado (6/9).
A homenagem concedida foi proposta pelo vereador Nabil Bonduki (PT), um dos milhões de admiradores da obra do cantor, compositor, arranjador e escritor brasileiro. “O Tom Zé falou sobre a cidade e falou de uma maneira profunda. Às vezes com críticas, às vezes elogiando a cidade, mas sempre expressando o sentimento da cidade”.
Baiano da cidade de Irará, Antônio José Santana Martins interessou-se pela música desde criança. Cresceu escutando Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, sambas de roda, astros do rádio e Adoniran Barbosa. Descobriu o violão aos 17 anos e o instrumento passou a ser companheiro da vida.
Veio para São Paulo em 1968 e desenvolveu uma profunda relação com a cidade. Na capital paulista, virou Tom Zé. O nome artístico foi dado por Guilherme Araújo, na época empresário de Caetano, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa. E aqui, junto com os novos baianos, fundou o Movimento Tropicalista.
O primeiro grande sucesso é uma declaração de amor à cidade que o acolheu: “São São Paulo Meu Amor”, vencedora do 4º Festival da Música Popular Brasileira, realizado pela TV Record em 1968. “No fundo da casa de Caetano aqui em São Paulo, tinha uma rua com dois cinemas. Num deles eu vi o filme São Paulo S/A, dirigido por Luiz Sergio Person. E foi aí que disse que sabia fazer música para São Paulo e surgiu a ideia da canção que ganhou o festival”, declarou Tom Zé.
Tom Zé é irrequieto, revolucionário, autêntico. Nas músicas que compõe mistura críticas sociais com ruídos urbanos e as vivências no dia a dia paulistano. É pela enorme contribuição à música popular brasileira que Tom Zé, prestes a completar 89 anos, em outubro, recebeu esta homenagem e concluiu emocionado: “Eu já sou mais paulista que iraraense. Tá subindo um calor por aqui, a cabeça está fervendo, alegria, satisfação, agradecimento. Abençoada seja São Paulo, abençoado seja Nabil que teve essa ideia de me dar o título. Esse título honra muito. O sujeito bota o peito para fora”.
E a cerimônia, na Câmara Municipal foi tipicamente “Tomzeliana”. Começou ao som do bloco carnavalesco “Abacaxi de Irará”. Teve encontro festivo com amigos, como o também músico, compositor, escritor e professor, José Miguel Wisnik, e a dramaturga, escritora, roteirista e jornalista Maria Adelaide Amaral, que junto com Tom Zé, faz parte da Academia Paulista de Letras.
“Eu acho que esse reconhecimento veio tarde, francamente, porque o Tom Zé, de quem eu sou fã, desde “São São Paulo Meu Amor”, cantou essa cidade em prosa e verso. Ele tem músicas sobre vários bairros da cidade. Ele pertence a essa cidade. Acho que é mais que justo esse reconhecimento.”
Sentimento compartilhado por um outro paulistano ilustre, o maestro Júlio Medaglia: “O Tom Zé ajudou a vida cultural paulistana de maneira muito especial com aquelas ideias principalmente da época do tropicalismo. Esse título mostra que a instituição paulistana reconhece uma figura da cultura espontânea. É um momento histórico, a Câmara está de parabéns.”
Além do Título de Cidadão Paulistano, Tom Zé recebeu das mãos do vereador Nabil Bonduki uma placa de rua com o nome da música que traduz a cidade com sua poesia: “São São Paulo Meu Amor”. A homenagem terminou com Tom Zé presenteando a todos com sua arte.
Confira a íntegra da Sessão Solene neste link.
Veja também o álbum de fotos, disponível no Flickr da CMSP. Crédito: Lucas Bassi | REDE CÂMARA SP
Foi lindo e maravilhoso! Viva Tom Zé!